São inúmeros os fatores que levam uma pessoa ao suicídio, mas nenhum
deles resiste à certeza de que somos espíritos imortais e que o futuro do
espírito suicida é reencarnar em corpos deformado ou com gravíssimos problemas
de saúde. Essa certeza é a verdadeira vacina contra essa terrível tendência que
o ser humano tem de querer fugir dos problemas através da destruição do próprio
corpo carnal. Mas seja qual for a intenção por trás do ato existem, sim,
conseqüências e elas são, sim, gravíssimas! Por isso, todas as religiões
condenam o suicídio. Mas o Espiritismo, na condição de Terceira Revelação de
Deus e de Consolador prometido por Jesus, vai mais além. Não condena
simplesmente, mesmo porque isso não impede ninguém de se matar. A Doutrina
Espírita mostra porque o ato de tirar a própria vida material é um dos maiores
delitos contra as Leis de Deus.
A decepção de
continuar vivo
Decepção, sofrimento e remorso em grau que as palavras humanas são
insuficientes para descrever. É isso o que espera aquele que se mata. Primeiro
vem a decepção de não morrer de verdade e, ao se perceber vivo, tomar
consciência de que, ao invés de resolver um problema, criou mais um. O espírito
revê a cena do suicido o tempo todo sem parar. E isso pode durar anos seguidos.
Se deu um tiro na cabeça, por exemplo, revê a cena do tiro, sente o choque da
bala penetrando os tecidos carnais e o sangue escorrendo. Tudo o tempo todo! Se
pulou das alturas ou bebeu veneno, a mesma coisa: revê a cena incessantemente.
Outro ponto essencial para entender o enorme sofrimento do espírito
suicida: ele acompanha a decomposição do corpo carnal. Detalhe: não só vê como
sente os vermes roerem as carnes apodrecidas do seu ex-corpo. Isso significa
ficar dentro do cemitério até a decomposição total do corpo carnal. Chocante,
caríssimo leitor? Pois saiba que isso
não é nada. Muito mais sofrimento virá pela frente. Se você ainda não desmaiou
nem vomitou de tanto nojo, siga em frente nessa leitura que não tem o objetivo
de consolar, mas o de alertar todos os meus caríssimos leitores, afinal essa é
minha função nesta encarnação: dividir com as outras pessoas tudo que eu
aprender com a Terceira Revelação de Deus, que é o Espiritismo, consolando e
alertando, mas nesse artigo, repito, minha intenção é apenas alertar.
No Vale dos
Suicidas
A maior parte dos espíritos suicidas passa um período, que varia de
caso para caso, no chamado “Vale dos Suicidas”. Esse vale, localizado nas
regiões inferiores do Mundo Espiritual, é descrito com detalhes no clássico da
Literatura Espírita “Memórias de um Suicida”, escrito pelo espírito Camilo
Castelo Branco, escritor português que suicidou com um tiro no ouvido no final
do século XIX. Esse livro está entre os 10 melhores da literatura espírita do
século 20 e todo este artigo é baseado nele.
Colônia Maria
de Nazaré
Resgatado do Vale dos Suicidas, cujo tempo, repito, varia de caso para
caso, o espírito é então encaminhado para a Colônia Maria de Nazaré. Nessa
colônia tudo é branco, de forma que a atenção do espírito não seja desviada
para a beleza das cores, e recebeu esse nome porque Nossa Senhora, a mãe de
Jesus, é quem preside todos os trabalhos envolvendo suicidas no Planeta Terra.
Ali, diversos tratamentos, inclusive cirurgias, são realizadas no corpo
espiritual dos suicidas. O tratamento que recebe nessa Colônia, situada próxima
ao Vale dos Suicidas, tem a finalidade de oferecer ao espírito as condições
mínimas para que possa reencarnar. São vários os tipos de tratamentos a que ele
é submetido e um dos primeiros é aprender a descondicionar a mente, de forma a
não repetir incessantemente a cena do suicídio. É o primeiro e o mais
importante, pois é a partir dele que serão realizados os outros tratamentos,
incluindo acompanhamento psicológico.
O corpo carnal
sugando as lesões do corpo espiritual
Como eu disse, o tratamento é para oferecer as condições mínimas, já
que só a reencarnação, só o contato direto com o corpo de carne pode curar as
gravíssimas lesões no corpo espiritual, provocadas no ato do suicídio.
Geralmente, o suicida reencarna em caráter de urgência urgentíssima. Isso,
porque só um corpo de carne poderá iniciar o processo de cura, de limpeza do
corpo espiritual. O corpo carnal funciona aí como uma espécie de esponja,
absorvendo as impurezas do corpo espiritual, que nós espíritas chamamos de
perispírito, de forma que ele esteja limpo o suficiente para dar continuidade à
caminhada rumo ao Pai Celestial. Nesse aspecto, é fundamental frisar que todo
suicida reencarna com deficiências – física ou mental ou com gravíssimos
problemas de saúde, como câncer na infância e outras doenças incuráveis,
incluindo aquelas com necessidade de transplante de um ou outro órgão. Tudo vai
depender da intenção, da parte do corpo atingida e a gravidade da lesão. Cego,
surdo-mudo, aleijado, deficiente mental, câncer infantil. Todas essas
anormalidades, é preciso frisar, estão quase sempre relacionadas ao suicídio em
vidas passadas.
Reflexão
Você já parou para pensar, caríssimo leitor, no
sofrimento de uma pessoa deficiente? Quanta dificuldade, quantas limitações a
pessoa enfrenta ao longo de toda uma existência! Imagine viver em um corpo
cujos olhos não enxergam, em que os ouvidos não exercem a sua função mais
elementar, a de ouvir e, portanto, estando a pessoa impedida igualmente de falar.
De não poder andar porque as pernas não recebem os comandos para essa função.
Ou então, experimentar estar num corpo cujo cérebro não consegue receber nem
enviar os comandos para o qual foi
divinamente programado. Pense em cada uma dessas situações, tente conciliar
tudo isso com a justiça perfeita e incorruptível de Deus e lembre-se da
advertência de Jesus “Se a vossa mão ou o vosso pé vos é objeto de escândalo,
cortai-os e lançai-os longe de vós; melhor será para vós que entreis na vida
tendo um só pé ou uma só mão, do que tendo dois, serdes lançados no fogo
eterno.” Quer dizer, é preferível reencarnar aleijado do que continuar no mundo
espiritual, tendo os órgãos perfeitos, mas com a consciência queimando de tanto
remorso.
No
livro “Na Próxima Dimensão”, o espírito Inácio Ferreira se refere ao “vale dos
suicidas”, dizendo que, gradativamente, ele vem sendo saneado pela ação dos
espíritos benfeitores. Trata-se de uma constatação lógica. Os antigos vales
destinados aos hansenianos, que eram marginalizados pela sociedade, não se
transformaram hoje em colônias e hospitais onde podem viver e tratar-se com
dignidade? Porventura, os portadores do vírus HIV, em estado terminal, são
abandonados à mercê da própria sorte, a fim de que sofram a conseqüência de sua
invigilância e insensatez?
Pior
é o “vale dos estupradores”, o “vale dos traficantes de drogas”, o “vale dos
assassinos de pais de família”, o “vale dos criminosos de guerra”. O “vale dos
políticos corruptos”. O “vale dos suicidas” é uma região onde espíritos doentes
se concentram e não estão esquecidos pela Misericórdia Divina.
As
descrições feitas no livro “Memórias de um Suicida”, estão corretas? Na visão
do autor da excelente obra, o escritor português Camilo Castelo Branco, sim.
Todavia, o “vale” descrito por ele não é único. Infelizmente, são inúmeras as
aglomerações similares de espíritos que se sentem atraídos pela natureza de
seus erros. Na verdade, o vale dos suicidas é uma criação das mentes
vergastadas pelo remorso, que o projetam. Deus não é o autor do sofrimento
humano! Todo suicida se encaminharia para uma região de sofrimento e expiação?
Não; há os que são hospitalizados de imediato. Como o “vale dos suicidas” vem
sem saneado? Não são os sadios que precisam de médico. Nós, os desencarnados, que
nos propomos servir incondicionalmente a Jesus, nosso Mestre e Senhor, não nos
encontramos de braços cruzados neste Outro Lado da Vida. Vocês, por exemplo,
não têm se preocupado em melhorar as condições de vida dos que moram em
favelas? Não excursionam pela aridez dos sertões, levando comida a quem tem
fome e remédio a quem está doente?
Qual
a profundidade da lesão que um suicida ocasiona em seu corpo espiritual? É
proporcional não à natureza do suicídio em si, mas ao grau de rebeldia e de
consciência que o levou à prática do gesto extremo.
O
suicida sempre reencarna com problemas em seu corpo físico? Na maioria das vezes, sim, todavia as
sequelas que lhe são sempre frequentes, podendo, inclusive, leva-lo a
reincidir, são de ordem psicológica.