terça-feira, 23 de julho de 2013

O PASSE


Mas afinal o que vem a ser o passe? Tem alguma coisa a ver com as curas, através da imposição das mãos, que Jesus realizava divinamente? Vejamos as respostas do espírito Odilon Fernandes, que fazem parte do livro: “Mediunidade – Perguntas e Respostas”, psicografado por Carlos Baccelli.


O que é o passe?

R – O passe é um ato de doação, imposição das mãos pura e simplesmente, no desejo de auxiliar a quem dele se socorre. É, ainda, salutar transfusão de energias psicossomáticas, nas transmutações do princípio vital. A do passe é a mais anímica das mediunidades, porquanto, quase sempre, o médium doa mais do que o espírito que o assiste. Jesus empregou-o e a ele se referiu em diversas circunstâncias, como no episódio da mulher hemorroíssa que, em tocando-lhe as vestes, ficou curada de uma enfermidade de doze anos; e na parábola do Bom Samaritano, que, antes de conduzir o homem caído na estrada à estalagem mais próxima, “pensou-lhe as feridas”.


Quem se dispõe a aplicar o passe, expande de si as energias vitais que, acrescida pelas energias que naturalmente emanam da Natureza e pelas que são despendidas pelos espíritos que participam do seu processo de transmissão, revitalizam as células e modificam o tônus psíquico do receptor encarnado, mobilizando, os centros de força, ou chakras, de seu corpo espiritual.


Qualquer pessoa poderá cooperar na transmissão do passe?

R – O passe, essencialmente, é uma operação de boa vontade. Desde que haja sinceridade de propósitos da parte de quem seja chamado a transmiti-lo, intenção de auxiliar desinteressadamente e iniciativa de servir, qualquer pessoa que nele creia poderá faze-lo, sem que, para tanto, tenha necessidade de maiores esclarecimentos sobre, digamos, o seu modus operandi.


O Passe na Bíblia

Na segunda epístola de Paulo a Timóteo, no capítulo 1, versículo 6, poderemos ler: “Por este motivo, eu  te exorto a reavivar o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos”. Nos tempos primitivos do Cristianismo, o costume da imposição das mãos era, inclusive, utilizado para despertar os dons carismáticos do que, evidentemente, revelavam os sinais de sua presença em si.

Não há necessidade de instrumentos de corte

O espírito Odilon Fernandes, em outro livro de sua autoria, também psicografado por Carlos Baccelli, “Somos todos médiuns”, explica que, a rigor, nem mesmo as chamadas “cirurgias mediúnicas” constituiriam o campo de atuação da mediunidade; essa concessão do Mundo Espiritual tem acontecido nos tempos atuais, face ao imenso avanço do materialismo. As verdadeiras “cirurgias mediúnicas” não carecem de instrumentos de corte; basta que haja a imposição das mãos do médium, na coação dos fluidos ectoplasmáticos, para que os Espíritos Benfeitores possam agir, com a permissão de Deus.

O passe segundo o espírito Chico Xavier no livro “Doutrina Viva”

Em Espiritismo, doutrina da revivescência do Evangelho, há práticas simples que não devem ser olvidadas, como, por exemplo, o passe no doente que se encontra acamado. Os grupos espíritas não devem se esquecer de semelhante apoio aos companheiros que os integram, irmãos e irmãs que se encontram hospitalizados ou em suas casas, afastados temporariamente da tarefa. A oração, o passe e a água fluidificada, em complemento à visita fraterna, são práticas que, em nossa Doutrina, revivem o espírito do Evangelho nos tempos apostólicos. Que a Casa Espírita disponha de confrades que se disponham a ir ao encontro dos enfermos, quando solicitados ou mesmo no cumprimento de mero dever de solidariedade. Os Espíritos Amigos para atuarem em benefício deste ou daquele doente, muitas vezes, não dispensam o concurso das faculdades mediúnicas que atuem com discrição, mas em nome do amor que devemos uns aos outros. O passe ao doente recolhido em seu leito é sempre abençoada providência a quem recebe e a quem se disponha a transmiti-lo.

O passe dispensa toda e qualquer formalidade. O importante é a doação de amor. A imposição das mãos é um ato de boa vontade. Jesus curava pelo simples toque, todavia até mesmo o contato físico é dispensável. Ele efetuou inúmeras curas a distância, pela ação de seu pensamento divino. Temos uma tendência a complicar, criando ritualística desnecessária. Na transmissão do passe, não há necessidade de que o médium esteja em evidente estado de transe. O envolvimento espiritual é mais que suficiente. A gesticulação excessiva é contraproducente, assim como a respiração ofegante.

O que determina a eficácia do passe é o mérito de quem o recebe. O médium não passa de agente da Misericórdia do Alto, instrumento para que determinada prova chegue a termo. Não é o médium o responsável pela cura e também o espírito que o assiste na operação magnética – eles simplesmente possibilitam acontecer, não fazem acontecer. Uma oração por alguém é doação à distância, um pensamento bom e envolvente. Evitemos complicar o que diz respeito ao coração. Todos somos capazes de interceder em benefício de alguém. A rigor, não existe técnica para a imposição das mãos, na transmissão do passe.

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