Mas
afinal o que vem a ser o passe? Tem alguma coisa a ver com as curas, através da
imposição das mãos, que Jesus realizava divinamente? Vejamos as respostas do
espírito Odilon Fernandes, que fazem parte do livro: “Mediunidade – Perguntas e
Respostas”, psicografado por Carlos Baccelli.
O que é o passe?
R – O passe é um ato de doação, imposição das mãos
pura e simplesmente, no desejo de auxiliar a quem dele se socorre. É, ainda,
salutar transfusão de energias psicossomáticas, nas transmutações do princípio
vital. A do passe é a mais anímica das mediunidades, porquanto, quase sempre, o
médium doa mais do que o espírito que o assiste. Jesus empregou-o e a ele se
referiu em diversas circunstâncias, como no episódio da mulher hemorroíssa que,
em tocando-lhe as vestes, ficou curada de uma enfermidade de doze anos; e na
parábola do Bom Samaritano, que, antes de conduzir o homem caído na estrada à
estalagem mais próxima, “pensou-lhe as feridas”.
Quem se dispõe a aplicar o passe, expande de si as
energias vitais que, acrescida pelas energias que naturalmente emanam da
Natureza e pelas que são despendidas pelos espíritos que participam do seu
processo de transmissão, revitalizam as células e modificam o tônus psíquico do
receptor encarnado, mobilizando, os centros de força, ou chakras, de seu corpo
espiritual.
Qualquer pessoa poderá cooperar na transmissão do
passe?
R – O passe, essencialmente, é uma operação de boa
vontade. Desde que haja sinceridade de propósitos da parte de quem seja chamado
a transmiti-lo, intenção de auxiliar desinteressadamente e iniciativa de
servir, qualquer pessoa que nele creia poderá faze-lo, sem que, para tanto,
tenha necessidade de maiores esclarecimentos sobre, digamos, o seu modus
operandi.
O Passe na Bíblia
Na segunda epístola de Paulo a Timóteo, no capítulo 1,
versículo 6, poderemos ler: “Por este motivo, eu te exorto a reavivar o dom de Deus que há em
ti pela imposição das minhas mãos”. Nos tempos primitivos do Cristianismo, o
costume da imposição das mãos era, inclusive, utilizado para despertar os dons
carismáticos do que, evidentemente, revelavam os sinais de sua presença em si.
Não há necessidade de instrumentos de corte
O espírito Odilon Fernandes, em
outro livro de sua autoria, também psicografado por Carlos Baccelli, “Somos
todos médiuns”, explica que, a rigor, nem mesmo as chamadas “cirurgias
mediúnicas” constituiriam o campo de atuação da mediunidade; essa concessão do
Mundo Espiritual tem acontecido nos tempos atuais, face ao imenso avanço do
materialismo. As verdadeiras “cirurgias mediúnicas” não carecem de instrumentos
de corte; basta que haja a imposição das mãos do médium, na coação dos fluidos
ectoplasmáticos, para que os Espíritos Benfeitores possam agir, com a permissão
de Deus.
O passe segundo o espírito Chico Xavier no livro “Doutrina
Viva”
Em Espiritismo, doutrina da
revivescência do Evangelho, há práticas simples que não devem ser olvidadas,
como, por exemplo, o passe no doente que se encontra acamado. Os grupos
espíritas não devem se esquecer de semelhante apoio aos companheiros que os integram,
irmãos e irmãs que se encontram hospitalizados ou em suas casas, afastados
temporariamente da tarefa. A oração, o passe e a água fluidificada, em
complemento à visita fraterna, são práticas que, em nossa Doutrina, revivem o
espírito do Evangelho nos tempos apostólicos. Que a Casa Espírita disponha de
confrades que se disponham a ir ao encontro dos enfermos, quando solicitados ou
mesmo no cumprimento de mero dever de solidariedade. Os Espíritos Amigos para
atuarem em benefício deste ou daquele doente, muitas vezes, não dispensam o
concurso das faculdades mediúnicas que atuem com discrição, mas em nome do amor
que devemos uns aos outros. O passe ao doente recolhido em seu leito é sempre
abençoada providência a quem recebe e a quem se disponha a transmiti-lo.
O passe dispensa toda e
qualquer formalidade. O importante é a doação de amor. A imposição das mãos é
um ato de boa vontade. Jesus curava pelo simples toque, todavia até mesmo o
contato físico é dispensável. Ele efetuou inúmeras curas a distância, pela ação
de seu pensamento divino. Temos uma tendência a complicar, criando ritualística
desnecessária. Na transmissão do passe, não há necessidade de que o médium
esteja em evidente estado de transe. O envolvimento espiritual é mais que
suficiente. A gesticulação excessiva é contraproducente, assim como a
respiração ofegante.
O que determina a eficácia do
passe é o mérito de quem o recebe. O médium não passa de agente da Misericórdia
do Alto, instrumento para que determinada prova chegue a termo. Não é o médium
o responsável pela cura e também o espírito que o assiste na operação magnética
– eles simplesmente possibilitam acontecer, não fazem acontecer. Uma oração por
alguém é doação à distância, um pensamento bom e envolvente. Evitemos complicar
o que diz respeito ao coração. Todos somos capazes de interceder em benefício
de alguém. A rigor, não existe técnica para a imposição das mãos, na
transmissão do passe.
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