De onde vem
a maldade humana? Por que somos tão perversos, se somos filhos de Deus, que é a
bondade infinita?! Não é natural que o filho seja herdeiro do pai? Então, de
onde vem tanta maldade? De onde vem essa nossa tendência para a maledicência,
para rir da queda do outro, para desejar o sucesso alheio e não hesitar em
diminuir aquele que se destaca da mediocridade geral? Um filósofo disse que o
ser humano é um anjo montado num porco. O filósofo tinha uma certa razão. O
problema é que o porco de cada um de nós ainda prevalece sobre o nosso anjo
interior. Mas o objetivo da nossa existência é que o anjo se sobreponha ao
porco. Ou seja, que o nosso lado bom prevaleça sobre a nossa ainda
incomensurável perversidade.
Que lado
nosso é esse, que fica feliz com a desgraça alheia? Quem é esse em nós, que ri
quando o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se
divertir? O que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos à maledicência do que
ao elogio? Quem é essa criatura em nós que desconhece a lealdade, que ri dos
honrados e debocha dos fiéis? e que ainda é capaz de mentir e inventar para manchar
a honra de alguém que está trabalhando pelo bem?
Desgostamos
tanto do próximo que não admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou
reconhecimento... Dos outros! Não deveria ser assim, mas muitas vezes,
detestamos o bem do outro.
Não somos todos assim, nem é o
tempo todo! Mas em nós espreita um monstro poderoso e covarde. Ele reside e se
manifesta explicitamente no assassino que suicida para matar dezenas de
inocentes. Tanto no ladrão de tênis quanto no violador de meninas. No rapaz
drogado que, para roubar 20 reais ou um celular, mata uma jovem grávida ou um
estudante mal saído da adolescência. Naquele que liquida a pauladas um casal de
velhinhos, invade casas e extermina famílias inteiras que dormem.
A maldade
humana é algo do qual pouco se compreende. A ciência já se debruçou sobre o
tema e não chegou a nada realmente conclusivo, principalmente quando defrontada
com alguns personagens que marcaram a história com a sua sordidez e
perversidade. E aqui vão alguns dos nomes mais indignos do século XX e o que de
pior eles produziram em sua passagem pela Terra:
Hitler - o regime criado por
ele, o Nazismo, é responsável pela morte de mais de 6 milhões de judeus,
ciganos, homossexuais e deficientes.
Klaus Barbe - um dos chefes da
Gestapo na França ocupada, o oficial Nazista ficou conhecido como “Açougueiro
de Lyon”. Ele gostava de torturar e foi responsável direto por algo como quatro
mil mortes.
Pol Pot - à frente do Khmer
Vermelho ordenou o assassinato de milhões de pessoas no país que ele comandou,
o Camboja.
Slobodán Milosevic - durante o
período que foi presidente da Sérvia, na Europa, estima-se que tenham sido
mortos 250 mil civis. Milhares de outras pessoas foram submetidas à tortura ou
tiveram de se refugiar longe de casa.
Então, de
onde vem toda essa maldade? Se somos filhos de Deus, se temos em nós, em forma
virtual, todas as qualidades do Pai Celestial, como podemos ser assim tão
perversos, egoístas e orgulhosos?! Para nós espíritas não é muito difícil
entender a origem da maldade humana. Sim, somos filhos da bondade infinita.
Mas, o que não devemos esquecer é que Deus não cria nada pronto e acabado. Tudo
na criação divina é fruto de uma de suas principais leis, a Evolução. Explico
melhor. Antes de conquistarmos a condição de espíritos, fomos durante muitos
séculos, apenas Princípios Espirituais Inteligentes. E é aí que reside todo o
segredo desse drama, que é a vida de cada um de nós nesse planeta de expiação e
provas.
Quando
ainda éramos Princípios Espirituais habitamos corpos de animais. Sim, caríssimo
leitor, é duro aceitar essa verdade, mas já habitamos sim corpos de animais.
Nessa fase evolutiva, o egoísmo é fundamental para a sobrevivência do ser. Esse
Princípio Espiritual, depois de milhões de anos de evolução conquista enfim a
condição de Espírito. Mas mesmo na condição de Espírito, é natural que o ser
carregue por muito e muito tempo ainda características das feras que foi um
dia. A cobra, o leão ou o tigre que ainda mora dentro de nós é nada mais, nada
menos que a lembrança do nosso tempo nas selvas, lutando pela sobrevivência. A
sordidez que cochila em nós nasce desse traço de fera que ainda carregamos.
Fera que nem todos conseguem domesticar, mas que deverá vencida e transformada
em bondade.
E sabe
porque afirmamos isso com tanta convicção?
Exatamente porque somos filhos de Deus, a bondade infinita. Na condição
de filhos e de herdeiros do Pai Celestial, a bondade e a inteligência são o
nosso destino inevitável. E é exatamente essa Lei que transforma um Herodes em
São Vicente de Paula, uma Maria Madalena em Santa Teresa d’Ávila e todos nós,
verdadeiras feras, em futuros anjos. Foi por isso que Jesus afiançou de forma
inequívoca: sejam puros e perfeitos como puro e perfeito é o Pai Celestial.