As
igrejas cobram dez por cento sobre todo e qualquer ganho dos fiéis, o chamado
“dízimo”, tendo como base o Velho Testamento, certo caríssimo leitor? É,
portanto, uma prática antiquíssima, ainda dos tempos de Moisés. Quer dizer, a
coisa é mais velha que andar pra frente, se bem que nesse caso significa andar
pra trás. Mas essas mesmas igrejas que se dizem cristãs, com autoridades e
fiéis gritando: - Senhor, Senhor esquecem um detalhe pra lá de fundamental: o
dízimo não tem nenhum respaldo na Doutrina de Jesus, o Cristianismo. Na verdade
o Cristo condenou o dízimo ao declarar: Dai de graça o que recebeste de graça e
ao expulsar os vendilhões do Templo. Sim, caríssimo leitor, assim como Jesus
não batizou ninguém, exatamente porque essa prática é nula em termos de
ascensão espiritual, Ele também condenou a prática moisaica (quer dizer, dos
tempos de Moisés) de cobrar dez por cento sobre os ganhos dos fiéis. Se assim
é, como entender então, o fato de o dízimo estar claramente expresso no Velho
Testamento (está em Malaquias, capítulo 03) e, ao mesmo tempo, ser condenado
pelo próprio Cristo de Deus?
É
preciso entender, caríssimo leitor que, mesmo as Leis Divinas reveladas aos
homens adaptam-se à sua capacidade de assimila-las. No próprio Decálogo, o
primeiro dos dez mandamentos, foi, em parte, específico para o povo judeu: “Eu
sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão”. O
terceiro mandamento, “Lembrai-vos de santificar o dia do sábado”, hoje já não
deve ter aplicação literal, já que todos os dias devem ser igualmente
santificados pelo trabalho. Jesus esclareceu que o sábado havia sido feito em
função do homem, e não o homem em função do sábado.
As
Leis Divinas, as mesmas para todo o Universo, são, inegavelmente, imutáveis em
sua essência; todavia, repito, adaptadas à condição espiritual de cada planeta
e ao grupo de pessoas a que se dirigem. A tendência natural é que as leis
humanas evoluam no sentido das Leis Divinas, com elas se identificando.
Vejamos, no entanto, que com referência ao Decálogo, foram as Leis Divinas que
procuraram adequar-se às condições dos homens da época. Séculos depois, Jesus
Cristo viria ampliar-lhes a concepção, asseverando sempre: “Aprendestes que foi
dito... Eu, porém, vos digo...”
Jesus condena o dízimo
Não, caríssimo leitor, não há
nenhuma passagem no Evangelho que ateste o dízimo, mas muitas que condenam
atitudes nesse sentido. No capítulo 19 de São Mateus, em seus versículos 16 a
24, o Senhor aparece aconselhando a um jovem muito rico, vender tudo o que
possuía e dá-lo aos pobres, habilitando-se, pela RENÚNCIA ao mundo, à conquista
do reino de Deus. Confira abaixo outras elucidativas passagens que atestam
inequivocamente que Jesus condena toda forma de comércio nos templos
religiosos, pois sabe que essa prática pode colocar a perder imensos esforços
no bem.
“Restitui a
saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os
demônios. Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido”. (S. Mateus,
cap. X, v.8.)
“Disse em
seguida a seus discípulos, diante de todo o povo que o escutava: - Precatai-vos
dos escribas que se exibem a passear com longas túnicas, que gostam de ser
saudados nas praças públicas, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e
os primeiros lugares nos festins – que, a pretexto de extensas preces, devoram
as casas das viúvas. Essas pessoas receberão condenação mais rigorosa”. (São
Lucas, cap.XX, vv.45 a 47; S. Marcos, cap. XII, vv. 38 a 40; S. Mateus, cap.
XXIII, c.14.) Devorar as casas das
viúvas significa abocanhar as fortunas.
“Eles vieram
em seguida a Jerusalém, e Jesus, entrando no templo, começou por expulsar dali
os que vendiam pombos; - e não permitiu que alguém transportasse qualquer
utensílio pelo templo. – Ao mesmo tempo os instruía, dizendo: Não está escrito:
Minha casa será chamada casa de oração por todas as nações? Entretanto,
fizestes dela um covil de ladrões! – Os príncipes dos sacerdotes, ouvindo isso,
procuravam meio de o perderem, pois o temiam, visto que todo o povo era tomado
de admiração pela sua doutrina”. (S. Marcos, cap. XI, vv. 15 a 18; - S. Mateus,
cap. XXI, vv. 12 a 13.)
Jesus expulsou do templo os mercadores.
Condenou assim o tráfico das coisas santas sob qualquer forma. Deus não vende a
sua bênção, nem o seu perdão, nem a entrada no reino dos céus. Não tem, pois, o
homem o direito de lhes estipular preço.
E finalizo
esse despretensioso artigo com essa significativa passagem evangélica:
“Declarou, então, Jesus aos sacerdotes: Em verdade vos digo que os publicanos e
as meretrizes vos precederão no reino de Deus. Porque João veio a vós nos
caminho da justiça, e não lhe destes crédito, mas os publicanos e as meretrizes
lho deram...” O pecado, portanto, dos sacerdotes é de efeitos mais prejudiciais
e danosos que os dos publicanos e os das meretrizes. Estas exploram seu corpo;
os publicanos exploram o cargo que ocupam, lesando materialmente os
contribuintes, ao passo que os sacerdotes exploram o que há de mais sagrado e
santo no homem: o sentimento religioso, nas relações entre a criatura e o
Criador.
não tenho duvida disso
ResponderExcluirtem ladroes tirando proveito dessas passagens, mas vai ter um preço por que aqui sera o galadão deles
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