TODOS SEREMOS SALVOS

Boa parte do planeta se prepara para comemorar o aniversário de Jesus Cristo. Mas, afinal, quem é Jesus? Quem foi esse homem tão especial que dividiu a historia em antes e depois? Que autoridade tem para dizer que é o caminho, a verdade e a vida? Como entender quando Jesus disse que ninguém, na terra, vai ao pai senão por ele? E os outros filhos de Deus, nossos irmãos, que não conhecem o evangelho, não serão salvos? Fique ligado e entenda como nós espíritas compreendemos o mestre de todos os mestres, Jesus Cristo e o seu evangelho de luz e perfeição.

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Todos os planetas têm um governador espiritual. No caso da terra, o governador é Jesus Cristo. Ele governa a terra desde todos os tempos. Desde o instante que Deus deslocou um bloco do sol, para ser mais um planeta do sistema solar, Jesus já havia sido escolhido entre os puros espíritos para ser o seu diretor.

Nessa condição de embaixador angélico de nosso planeta, Jesus cristo é o co-criador de todas as formas existentes aqui: seja mineral, vegetal ou animal. Na verdade tudo foi co-criado por Jesus, tendo naturalmente o auxílio de espíritos superiores, vulgarmente chamados de espírito santo. Cada forma, cada combinação de cores, as texturas, os sabores, os aromas... Enfim, tudo que existe na terra teve a participação direta do pensamento de Jesus. Naturalmente obedecendo às leis de deus, entre elas a lei de evolução.

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Jesus não é deus, como os irmãos de outras religiões crêem. Trata-se de um de dogma do catolicismo e adotado também pelo protestantismo. Esse dogma foi criado durante o concílio de Nicéia, realizado no ano 325, a pedido do imperador Constantino. É na verdade o primeiro dogma e do nascimento do Catolicismo. Representa um momento da história em que o imperador romano, Constantino percebe na doutrina cristã uma forma de ampliar ainda mais o seu poderio. Mas é apenas e tão somente um dogma, criado por homens com sede de mando e poder.

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Não, Jesus não é Deus. Ele é um espírito puro e perfeito, um anjo, mas não é Deus. É nosso irmão mais velho, não é nosso pai. Jesus é um espírito divino, que governa nosso planeta e, nessa condição, pode ser considerado o nosso deus, o deus da terra. Mas não é Deus, nosso Pai. Quem disse isso? O próprio Cristo deixou isso claro em seu evangelho, quando refere a si próprio como ”o Filho do Homem”. Se é filho do Homem, como ser, ao mesmo tempo, o pai? Impossível! Em outra passagem evangélica não aceita ser chamado de bom. Para Jesus só Deus, nosso pai, pode ser chamado de bom. Na oração dominical, inicia dizendo: “pai nosso que estás nos céu”. No final de sua passagem física pela terra, durante a crucificação, pede ao pai para perdoar a humanidade. Se Jesus fosse deus não precisaria pedir ao pai para perdoar. Ele próprio perdoaria a humanidade. Enfim, trata-se apenas de um dogma e, como todos os dogmas, desprezível para quem conhece mais profundamente a doutrina de luz e perfeição de Jesus, o cristianismo, que o espiritismo tem como missão reviver exatamente como foi ensinado há dois mil anos.

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Jesus disse que é o caminho, a verdade e a vida e que ninguém, aqui na terra, vai o pai senão por ele. Sem o conhecimento das leis de evolução e reencarnação, essa afirmação de Jesus soaria absurda, colocando em questão a bondade e a justiça de Deus. Afinal,  bilhões de pessoas vivem em outras partes do planeta que não seguem o Cristianismo. Elas não sabem nada de Doutrina Cristã, apesar de todas as religiões ensinarem o amor a Deus e ao próximo. Seja como for como conciliar a bondade e a justiça de Deus com essa afirmação do cristo sem a lógica da reencarnação e da evolução?

Vejamos, caríssimo face: um grande número de habitantes da terra segue religiões que nada tem a ver com a doutrina de Jesus. Os muçulmanos, por exemplo, seguem o profeta Maomé. Lembrando que mais de 1 bilhão de pessoas seguem os islamismo. Nesse caso, como fica a situação desse povão todo? Estarão todos eles impedidos de se salvarem por terem nascido em países que não seguem o Cristianismo? Outro exemplo: a Índia. Cerca de 1 bilhão de pessoas naquele país segue o hinduísmo, que também não tem nada a ver com o Evangelho de Jesus. E aí, os indianos também estão impedidos de ir para o céu, simplesmente por não conhecerem a Doutrina de Jesus? Têm ainda os ateus, aqueles que acreditam em Deus, mas não seguem nenhuma religião, que são os agnósticos. Tem ainda os budistas, xintoístas, confucionistas, os que seguem o judaísmo e estão até hoje esperando o Messias... Enfim, é gente demais que não conhece o Evangelho e que, portanto, estariam, por essa visão dogmática, impedidos de ir até o pai, já que só através de Jesus isso é possível.

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E aqueles que conhecem o evangelho, mas não seguem os ensinos do Mestre? Ficam só no superficialismo, como é o caso da maioria? Quantos espíritas, quantos evangélicos, quantos católicos você conhece, caríssimo face, que estão verdadeiramente empenhados em ser bons? Em se reformar intimamente? Que estão verdadeiramente empenhados em amar o próximo e, consequentemente, amar a Deus? Poucos, pouquíssimos, quase ninguém, não é verdade? Quer dizer, o paraíso, então, estaria destinado a ser um deserto enquanto o inferno habitado por uma superpopulação.

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Na verdade todos seremos salvos. Como Deus, a pureza absoluta, poderia dar outro destino aos seus filhos bem amados senão o seu reino de perfeição absoluta, o paraíso? E sabe como isso será possível? Através da reencarnação e da evolução. É por meio dessas leis que todos os habitantes da terra terão a oportunidade de conhecer e praticar cada um daqueles sublimes ensinos trazidos até nós por Jesus. É, portanto, uma questão de tempo. Os que não conhecem hoje, conhecerão amanhã. Os que não conhecem numa encarnação, conhecerão em reencarnações futuras. Reencarnação e evolução. Essas duas leis são a chave para você compreender as sublimes palavras do cristo como verdades universais, sem nenhum traço de exclusivismo. Isso porque ele, Jesus, é o governador da terra e todos os seus habitantes conhecerão e seguirão os seus ensinos, que fazem parte do seu Evangelho de luz e perfeição.

Creia: todos seremos salvos.

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Sim, Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Sim,  ninguém, aqui na terra, vai ao pai senão por ele. Uma verdade universal, sem nenhum traço de exclusivismo. Isso porque ele, Jesus, é o governador da terra e todos os seus habitantes conhecerão e seguirão os seus ensinos, que fazem parte do seu Evangelho de luz e perfeição. Evangelho que o Espiritismo tem como missão relembrar exatamente como foi ensinado e exemplificado há dois mil anos. Sem dogmas, sem as interferências e adulterações feitas pelos homens no passado. Você tem ideia da sublimidade de uma missão como essa, amigo face? Creia: todos seremos salvos.

FAMÍLIA

O instituto da família é uma escola em que todos os que o constituem são, ao mesmo tempo, mestres e aprendizes uns dos outros.

Se o homem não sabe amar os que integram o seu pequeno universo familiar, como haverá de amar a Humanidade?!

Ninguém conseguirá avançar deixando para trás problemas que não resolveu.

Sem saldar os nossos compromissos não nos sentiremos livres para os nossos anseios de expansão espiritual, em demanda a outros páramos da vida.

A nossa responsabilidade primeira é para com aqueles que nos integram a parentela.

Não aleguemos falta de afinidade para justificarmos nossa deserção aos compromissos afetivos.

Nos múltiplos desencontros familiares em que se vê envolvida, a pessoa é chamada a um acerto de contas consigo mesma.

Desarmemos o coração em casa e sejamos gentis com todos os que convivem conosco, se almejamos aprender a viver.

A oração e a alegria, o respeito e a indulgência são flores que deveremos cultivar todos os dias no jardim de nossas afeições familiares.

(Irmão José / Carlos Baccelli)

OS SINAIS DE CRUCIFICAÇÃO DE JESUS EM CHICO XAVIER

        

Você já ouviu falar em estigmas? São os sinais da crucificação do Cristo, que alguns cristãos do passado apresentavam. São sinais ou marcas muito semelhantes às feridas de Jesus Cristo no Calvário. Diversos cristãos do passado foram estigmatizados, apresentando todas as marcas ou apenas algumas delas. É um fenômeno pouco conhecido e não existe uma resposta definitiva sobre o assunto. Seja como for, o fato não é novo na historiologia dos cristãos. São Francisco de Assis, Santa Rita de Cássia, Verônica Giuliani, Maria Madalena de Pazzi, entre tantos outros, conhecidos ou não, receberam, em parte ou na totalidade, esses estigmas da configuração extrema do Cristo no calvário.

Mais recentemente, outro cristão, Chico Xavier, também foi estigmatizado. Ele apresentava as feridas de Jesus Cristo na cabeça e nos pés. Entendeu, caríssimo leitor, porque ele insistia tanto em usar peruca? Não é por vaidade não, como todos pensávamos. É discrição, humildade, porque Chico sabia que nem todos tinham condições de compreender o fenômeno e poderiam santificá-lo, o que sua humildade, sincera e verdadeira, não permitiria.

A Transposição dos Sinais

Na madrugada de uma terça-feira, dia 09 de agosto de 1966, Chico Xavier recebeu a transposição dos sinais dos espinhos da coroa do Cristo na própria cabeça dele. O fenômeno pode ser nomeado como incorporação de sinais e marcas do Cristo, mais conhecido como estigmas. Os estigmas surgiram pela primeira vez em Chico Xavier naquela data, repito, em 1966, para desaparecer em seguida. Os estigmas retornariam mais tarde, de forma definitiva, obrigando o médium a ocultar os sinais em sigilo absoluto. Muito mais tarde, décadas após, os sinais surgiram também nos pés desse que podemos chamar de apóstolo do bem e herói da caridade.

Poucos, pouquíssimos espíritas, mesmo entre aqueles que conviveram mais de perto com o médium, sabiam disso. Mas a um casal de amigos (Lineu e Elenir) Chico permitiu, certa vez, que testemunhassem o fenômeno dos estigmas nos pés: sobre o peito de cada um, uma chaga se havia aberto. E aí explicou para eles: -“Esses dias todos eu tenho pensado muito em Jesus e, de tanto pensar nele, no episódio de seu sacrifício na cruz, essas duas feridas apareceram em meus pés. Peço a vocês não dizerem nada a ninguém. Poucos seriam capazes de entender. Eu não sou nada”. Quer dizer, por seu imenso amor a Jesus, à semelhança de outro Francisco, o de Assis, Chico também foi estigmatizado!  E apenas permitiu que pouquíssimos ficassem sabendo.

Trata-se de assunto pouco divulgado pelos biógrafos do Chico. Mas a verdade é que os estigmas ocorreram nos pés e na cabeça. Por causas ainda não bem explicadas, alguns cristãos do passado receberam no próprio corpo, todos ou alguns sinais da crucificação do Cristo. Por exemplo: São Francisco de Assis recebeu todos os sinais e Santa Rita de Cássia, um só dos espinhos lhe marcou a testa. Com Chico ocorreu que a coroa de espinhos marcou a cabeça dele por inteiro. Na verdade, a coroa de espinhos era um capacete que cobria toda a nuca, tendo produzido, na flagelação do Cristo, uma grande quantidade de perfurações. Esse fenômeno, que tem implicações com a mediunidade de incorporação, obrigou-o a usar boinas, gorros e, depois, perucas. Chico procurou de todas as formas ocultar os sinais, somente observados na velhice, quando não mais podia locomover-se livremente, e foram enfim, observados pelas caridosas irmãs que banhavam o corpo do médium já muito debilitado pela idade avançada.

Outro detalhe curioso: foi só após o recebimento dos estigmas que Chico forneceu o “retrato falado” de Nossa Senhora a um artista. Diversas cópias da belíssima oleografia foram fartamente distribuídas no meio espírita. Quando se referia a Jesus, os olhos de Chico enchiam-se de lágrimas e a voz dele era embargada por forte emoção. Após a estigmatização, Chico passou a exalar penetrante aroma de rosas até o fim de seus dias. A presença de Chico Xavier, no século XX, marca para a humanidade o início da “Era do Espírito”, que alterará, para melhor e por completo, a vida no Planeta no decorrer desse terceiro milênio.

NÃO SÃO CAPAZES

Existem pessoas que não são capazes de sacrificar-se por ninguém!

Não são capazes de deixar de ir a uma festa, para atender um amigo.

Não são capazes de renunciar a algumas horas de sono para prestar um favor.

Não são capazes de rever uma posição, para cederem certas regalias, repartindo privilégios.

Não são capazes de considerar o outro como uma extensão deles mesmos.

Chamam o próximo de irmão, mas o tratam como a um estranho.

Essas pessoas, quando a necessidade se lhes bate à porta, são as primeiras a se valerem da generosidade alheia.

Transvestem-se de humildade, mas se rebelam quando não são atendidas de imediato.

Esperam dos outros o que nunca deram a ninguém.

(Irmão José / Carlos Baccelli)

O QUE SÃO OS ESPÍRITOS?

Somos espíritos imortais! Mas, afinal o que é o espírito? De que substância ele é constituído? Será que ele tem forma determinada? Teria aparência humana? O que você acha caríssimo leitor? Na questão número 88 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta se os espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante? Os Mensageiros de Jesus respondem: “Aos vossos olhos, não. Aos nossos, sim. Eles são, se o quiseres, uma chama, um clarão ou uma centelha etérea”.

Em nossa condição evolutiva, o espírito desencarnado se apresenta sim com a forma humana, quase sempre com a aparência física que  teve na última encarnação. Mas o que os médiuns videntes e clarividentes vêem não é o espírito propriamente dito. O que eles vêem é, na verdade, o corpo espiritual ou perispírito. O perispírito é semimaterial, está submetido às leis de transformação e se ressente das influências do corpo de carne.

No Evangelho de Jesus, há uma passagem que mostra, de forma clara, não só a imortalidade da alma, como a sua individualidade após a morte do corpo. Trata-se da Transfiguração. Essa passagem do Evangelho mostra o encontro de Jesus com os espíritos de Moisés e Elias. Isso aconteceu no Monte Tabor na presença de Pedro, Tiago e João. Moisés e Elias tinham sido homens de carne e osso e agora retornavam do Mundo Espiritual com a aparência humana, como está em Mateus, capítulo 17, versículo 2.

Paulo de Tarso faz referência ao corpo espiritual ao escrever: “Também há corpos celestiais e corpos terrestres”. Em outra passagem do Evangelho Paulo diz: “Semeia-se corpo material, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo material, há também corpo espiritual”. Quer dizer, o espírito desencarnado não é uma abstração, mas realidade palpável. A morte é, portanto, apenas uma troca de roupagem, uma mudança de dimensão de vida. O espírito conserva os conhecimentos e sentimentos, além do poder de  manter a aparência física, podendo assim ser identificado pelos que o conheceram na terra.

O espírito é criado simples e ignorante. Isso significa que ao nascer não sabe nada. Mas terá que aprender. E isso se dá através das experiências vividas por ele mesmo. Eis aí a necessidade da evolução árdua, trabalhosa e de duração quase infinita. Algumas pessoas argumentam: Por que esse espírito, que nasce da centelha divina perfeita, não é desde logo perfeito? Afinal, um filho é sempre da mesma natureza, família, gênero e espécie que seu pai e sua mãe. Não há dúvida que sim. Como não há dúvida de que o espírito é da mesma natureza e essência de Deus. No entanto, o que nasce da planta é uma semente, que terá que se desenvolver e aprender. Assim também foi estabelecido para o espírito: que ele fosse criado “simples e ignorante” para então, por si mesmo, desenvolver-se e passar por um completo processo de elaboração em cada um dos reinos: mineral, vegeta, animal e hominal.  Quando tivermos mais maturidade compreenderemos e teremos a confirmação: “Tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo, até o arcanjo, que também começou por ser átomo”, como está na resposta da questão 540 de “O Livro dos Espíritos”.

Outro esclarecimento importante: à medida que o espírito vai se desapegando da vida material, vai se conscientizando de sua origem divina e das Leis perfeitas que regem a vida, ele vai se desapegando da vida material e, vivendo em harmonia com as leis de Deus, progride mais rápido e passa a ocupar corpos cada vez mais aformoseados e conquista o mérito de habitar mundos mais felizes. Nesse processo quase infinito de evolução, o espírito torna seu corpo espiritual cada vez mais iluminado até se transformar em Espírito de Luz. Quer dizer, em espírito que não mais carrega a forma humana, como são os seres angelicais. Assim somos todos nós, filhos de Deus, criados simples e ignorantes, mas com aptidão para estar aprendendo constantemente até a conquista da Pureza e da Perfeição.

DECEPÇÃO

A decepção com alguém é fruto da incompreensão de nossa parte.

Todos somos ainda falíveis.

A decepção pode perturbar-nos a marcha ascensional, quando nos permitimos esmorecer pelo desapontamento que alguém nos causa.

Por isto, devemos escorar-nos única e tão somente em Jesus Cristo que nunca nos decepcionará!

Aprendamos a não exigir dos outros aquilo que nós mesmos não lhes damos.

Prossigamos, imperturbáveis, na tarefa do bem, conscientes de que todas as experiências são importantes para o espírito em aprendizado.

Não nos deixemos contagiar pelo desânimo.

Os nossos companheiros de jornada são espíritos tão necessitados quanto nós mesmos, com limitações, que lutam, anonimamente, para superá-las.

Porque se decepcionam com os outros e se retraem, muitos perdem valiosas oportunidades na vida.

Esforcemo-nos, pois, para não nos decepcionarmos com ninguém, mas nos esforcemos de forma redobrada para não decepcionarmos a quem quer que seja.

Não permitamos que as pessoas alimentem ilusões a nosso respeito, no entanto não idolatremos criaturas tão falíveis quanto nós mesmos, colocando-lhes nos ombros uma carga superior às suas próprias forças.

(Irmão José / Carlos Baccelli)

DECEPÇÃO, REVOLTA E INCONFORMISMO NO OUTRO LADO DA VIDA

A maioria das pessoas, principalmente as ligadas às religiões oficiais, ao desencarnarem, não aceita a complexa realidade do Outro Lado da Vida. Elas continuam querendo o céu fácil, o céu sem obras, sem mérito e sem renúncia, como é ensinado pelas igrejas, que insistem na lei do menor esforço, alimentando a ilusão de bilhões de fiéis espalhados por esse planeta. Isso acontece com os frequentadores das igrejas e outros templos religiosos de um modo geral, mas principalmente com as autoridades. É que eles veem, ou pelo menos querem ver, as instituições a que pertencem como as legítimas representantes de Deus na Terra. Orgulho puro! Mas a realidade não respeita dogmas e muito menos hierarquias religiosas. As leis do Pai Celestial são incorruptíveis e valem para todos, indistintamente!

Então, o que acontece? Muitos padres, freiras, bispos, cardeais, pastores e outras autoridades religiosas, do tipo intransigentes, ao desencarnarem, não encontram o céu que prometeram para eles, mesmo porque o céu fácil não existe. Percebendo-se desencarnados e não encontrando as facilidades que esperavam, muitos caem em profunda depressão e outros se deixam levar pela revolta e o inconformismo. A revolta às vezes é tão grande, mas tão grande que muitos espíritos de ex-autoridades religiosas, se amotinam e formam verdadeiras legiões nas regiões inferiores do mundo espiritual. Tudo com o objetivo de combater o Espiritismo e seus princípios, por entenderem, mas não aceitarem que não é a sua igreja, e sim a Doutrina codificada por Kardec, o outro Consolador prometido por Jesus. Muitos se tornam, então, espíritos obsessores com o objetivo de combater a verdade e opor-se a qualquer tipo de reparação. Outros, no entanto, nem mesmo percebem sua nova condição de espírito desencarnado, mas tem também aqueles que, mesmo conscientes de que “morreram”, apegam-se ao poder que exerceram na Terra e, através do medo e da coerção, utilizando conhecimentos bíblicos lideram verdadeiras multidões de espíritos nas regiões inferiores do Mundo Espiritual.

Mas por que isso acontece? Não seria lógico o espírito desencarnar e aceitar as coisas como são? Deveria, caríssimo leitor, mas não é o que acontece, uma vez que o livre-arbítrio é uma faculdade sempre respeitada e o ser humano é o mesmo, estando ou não no corpo de carne. A questão é que a morte do corpo carnal, por si só, não altera em nada os valores do espírito. A morte é simplesmente uma mudança de dimensão: de uma mais material para uma outra menos material. Apenas isso. E digo mais, princípios religiosos deturpados estão entre os mais difíceis de ser extirpados da alma.  Imagine, caríssimo leitor, o drama que é para um evangélico, por exemplo, deixar para trás todas as suas concepções de céu e inferno e ter que encarar a realidade do Mundo Espiritual, em todos os aspectos completamente diferente dos conceitos que vem sendo repassados para a humanidade há século. Não é fácil! Tem que ter muita humildade para aceitar as leis de Deus como elas são (reencarnação, evolução, lei de causa e efeito, entre outras) e se conformar com os equívocos da Teologia, em tudo fruto da imperfeita interpretação feita por homens igualmente imperfeitos.

O Vale das Religiosas ou Sacerdotisas

Um exemplo que ilustra muito bem esse espírito de inconformismo e rebeldia do Outro Lado da Vida, é o Vale das freiras rebeladas, descrito no livro “Infinitas Moradas”, do espírito Inácio Ferreira e psicografado por Carlos Baccelli. São três capítulos dedicados ao Vale das religiosas ou sacerdotisas. Ele é assim chamado por se tratar de uma comunidade de freiras que, após a morte, haviam se rebelado. Dirigido por uma entidade que se autointitula “papisa”, o Vale está localizado no Mundo Espiritual inferior (uma espécie de purgatório) e, segundo Inácio, é controlado por religiosas católicas de várias nacionalidades, mas em sua maioria brasileiras, italianas e portuguesas.

Inácio conta que ele e sua equipe (Odilon Fernandes e o ex-padre Sebastião Bernardes Carmelita) foram conduzidos a uma cidade que se espalhava do centro do Vale das Religiosas, estendendo-se até às encostas dos montes íngremes que a cercam. “As construções mais imponentes, em estilo gótico, inspiravam-se em motivos religiosos, à feição de pequenos mosteiros medievais e igrejas de paredes escurecidas e lúgubres; centenas e centenas de casas abrigavam em seu interior tão somente mulheres, valendo ressaltar que, dentre elas, não observamos uma criança sequer ou sequer um homem, excetuando-se alguns de aparência andrógina, que igualmente envergavam os hábitos característicos de diversas ordens”.

No livro “No interior da terra”, esse espírito de inconformismo é igualmente observado e descrito por Paulino Garcia que, também através da psicografia de Baccelli mostra, a partir do capítulo 28, a situação de alguns espíritos de ex-autoridades religiosas ligadas ao catolicismo, protestantismo e islamismo. Eles lideram, por meio do medo e do conhecimento da Bíblia, grupos de outros espíritos e se intitulam Clérigo, Pastor e Ulama. Um espírito chamado de o Pregador também é mostrado e é um provável médium que falhou em sua missão. Durante uma visita a uma estranha cidade do Mundo Espiritual inferior, em tudo quase igual a uma cidade de um país em desenvolvimento daqui da Terra, Paulino e uma equipe de espíritas em serviço de inspeção e auxílio observa favelas em condições precaríssimas, emendadas umas às outras, formando um cinturão de pobreza e miséria.

Paulino conta que uma parte da favela era liderada por um espírito que se autodenominava “Pastor”. Liderando uma comunidade de entidades que viviam à margem da lei dos homens e de Deus e, visivelmente descrente por não ter encontrado o céu que acreditava merecer, o “Pastor” dava a impressão de viver em permanente delírio. Com seus conhecimentos bíblicos impressionava e coagia seus liderados. Já o outro lado da imensa favela do Outro Lado da Vida era liderado por um antigo bispo da Igreja Romana, cognominado “Clérigo”. Também aí se observa uma profunda revolta de não estar, após a morte do corpo de carne, no paraíso prometido por sua antiga religião. “Estou farto de tudo. Toda religião é mentirosa. Todos são devassos como eu. O que conta é poder, dinheiro e prazer; a Vida, para mim e para os que mentem, se resume nesta trilogia”, dizia ele que, diante dessa complexa realidade pós-morte, se permitia vislumbrar: “Quem sabe, estejamos sendo vítimas de uma alienação coletiva, não é mesmo?”

Deixando a periferia, já dentro daquela cidade em tudo tão diferente das colônias descritas pela Literatura Espírita, a equipe de Paulino Garcia se depara com uma Mesquita e, próximo ao templo, um grupo de entidades comandadas por um ancião conhecido como “Ulama”, que significa o sábio. O representante dos islâmicos, mesmo diante da complexa realidade do Outro Lado da Vida, mantinha vivo seus equívocos e se mostrava igualmente intransigente, ainda enxergando Maomé como superior a Jesus Cristo. Em um rápido diálogo que trava com a equipe de Paulino ouve pela primeira vez na vida a palavra Espiritismo, continua não aceitando a reencarnação e outras leis de Deus e tenta convencer que o Islamismo é superior ao Cristianismo. No livro, Paulino mostra ainda um espírito conhecido na cidade como “Pregador”, provavelmente um médium espírita que se equivocou em suas ações na Terra, se comprometendo com as leis de Deus.

Sim, caríssimo leitor, tudo isso parece ficção, mas é uma pequena nesga da complexa realidade no Mais Além. E essa realidade vem sendo descortinada pela Terceira Revelação, que é Espiritismo. Começou com a Codificação da Doutrina, na Paris do século XIX, teve prosseguimento com Chico Xavier, e uma equipe de Espíritos Superiores diretamente ligados ao Senhor, em pleno século XX e, na atualidade, vem sendo esmiuçada em detalhes encantadores por diversos espíritos. Eles contam as mais diversas situações envolvendo espíritos desencarnados ligados às religiões oficiais e que formam, do Outro Lado da Vida, verdadeiro exército para trabalhar contra a verdade que eles se recusam a enfrentar.